domingo, 16 de novembro de 2008

DE GÉNIO PARA GÉNIO...


O Site Oficial do Benfica, num trabalho conjunto com a Benfica TV, juntou Ricardinho e Marquinho para uma antevisão ao decisivo Benfica-Interviú deste domingo (derradeira jornada da Ronda de Elite da UEFA Futsal Cup) a partir das 17h00.
Amigos de longa data, o craque benfiquista e o campeão do mundo conversaram durante largos minutos acerca de tudo um pouco. O palco não poderia ter sido mais ideal: o tapete verde da Luz.
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“Torcida” arrepiante
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Ambos são alas, ambos têm uma baixa estatura, mas o que mais têm em comum é o talento. Marquinho, campeão mundial pelo Brasil, figura maior do Interviú, 34 anos de idade e dezenas de títulos, juntou-se àquele que é, apesar dos escassos 23 anos, um dos grandes talentos do futsal, a nível planetário, para uma agradável conversa a que o Site Oficial do Benfica teve a oportunidade de assistir.
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Em vésperas do embate que decidirá qual das duas equipas seguirá para a Final Four da UEFA Futsal Cup (a Liga dos Campeões do futsal), Ricardinho e Marquinho começaram por relembrar idêntica situação vivida há quatro anos, quando estes mesmos jogadores e estes mesmos emblemas discutiram a grande final da competição (ganha pelo Interviú). «Tinha 18 anos. Era um miúdo», lembra Ricardinho. «Acredito que o primeiro jogo, em Madrid, foi decisivo. O factor casa fez-se sentir», retorque Marquinho, enquanto pisa pela primeira vez o relvado da Luz e não esconde o espanto. «Meu Deus, quanta dimensão. Fabuloso. O Benfica é mesmo grandioso». Talvez por isso, deixe escapar, em jeito de conselho: «Ricardinho, aproveita o facto de estares num clube como este para que construas uma carreira sólida. É um emblema importantíssimo, cujos adeptos vivem muito todas as suas equipas e que te dará sempre uma projecção enorme».
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De volta às memórias – enquanto apenas o som espaçado dos carros, que percorrem a 2.ª Circular, impede o ecoar da voz de dois “deuses” do futsal na sempre acústica arena benfiquista –, Ricardinho relembra que na final de 2004, os 4-1 da primeira mão da final foram demais para os “encarnados”: «Aqueles cinco minutos iniciais foram um autêntico massacre. O Interviú mostrou porque é a melhor equipa do mundo». Mas logo o esquerdino benfiquista é chamado à razão pelo internacional brasileiro: «Sim, mas na Luz sofremos muito. Quando o marcador chegou aos 4-2 sentimos que podíamos mesmo perder e cresceu imenso o respeito pelo Benfica. Só no final conseguimos reduzir para 4-3 e poder fazer a festa, naquele que foi o meu primeiro título na Europa», lembra Marquinho que sublinha algo que o marcou sempre que defrontou o Benfica: «Os adeptos são fantásticos. Recordo aquela música que cantam - «SLB, SLB… Glorioso SLB». É arrepiante. Infelizmente, a nossa “torcida” é diferente», salienta.
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Antevendo o embate
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De qualquer forma, e avançando no tempo, Marquinho lembra que, «além dos adeptos, o Benfica tem, desta vez, a vantagem de precisar apenas do empate para ultrapassar o Interviú» nesta Ronda de Elite da UEFA Futsal Cup. Mas o n.º 2 dá a receita para o sucesso espanhol: «Temos de ser nós os primeiros a marcar. Sei que o Interviú, quando está em vantagem, consegue gerir muito bem a posse de bola e os ritmos. Se tivermos de ser nós a correr atrás do prejuízo teremos mais dificuldades, pois os jogadores do Benfica são mais rápidos. Sei da ambição que eles têm (sorri para Ricardinho que confirma com um abanar de cabeça) e, por isso, é fulcral impormos o nosso ritmo».
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O português contrapõe, referindo que «ante uma equipa como esta, qualquer indecisão é mortal». «Temos qualidades, mas o Interviú rende muito como equipa, sabendo como posicionar-se em campo. Contra homens como Marquinho, Betão, Schumacher, Gabriel ou Luís Amado, entre outros, não podemos mesmo errar, pois eles “matam” o jogo. Mas espero um Benfica “à Benfica” e que, de preferência, marque o primeiro golo».
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Águia e… Falcão
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O encontro de craques, em jeito de visita ao estádio, vai aquecendo sob um sol (cada vez menos tímido) que se infiltra por entre a cobertura metálica e é lá dos céus que surge, imponente, a Vitória. Chegada às mãos do tratador Juan Barnabé, a águia coloca-se, imperial, na pose certa para uma fotografia conjunta. Perante o receio de Marquinho, o “dez” benfiquista lança a farpa, entre risos: «Ela é mansinha, tens é de te preocupar connosco amanhã».
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E Marquinho não deixa os créditos por mãos alheias, elogiando a equipa benfiquista e em especial Ricardinho. «Costumo estar atento ao que fazes em Portugal e nas grandes competições internacionais. Tens sempre um truque novo. Mas o que mais me impressiona em ti é a tua evolução. Tens um pé esquerdo fantástico, és jovem, tens já muita experiência e só te posso comparar a um outro jogador: Falcão». Ricardinho interrompe: «Mas Falcão é Deus». Marquinho contrapõe: «A sério, acho que vocês são os Ronaldinhos ou Cristianos Ronaldos do futsal. São únicos. Acho que tu és um orgulho para o nosso desporto e que serás, dentro de algum tempo, o melhor do mundo».
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O conselho
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Ricardinho emociona-se e deixa escapar um desabafo: «Nunca vou esquecer o que me acabaste de dizer. Vindo de quem vem, vale ouro. Quero que saibas que antes de jogar contra ti já te via na televisão. Tens tanta técnica, tanta frieza e corres como mais ninguém o faz. Aliás, estou farto de correr atrás de ti. Tens de vir jogar na minha equipa (risos). Aliás, por tudo o que conquistaste, pelo que representas para o futsal, peço-te um conselho: como achas que devo reagir tendo em conta que muitos pensam que as fintas que eu faço são apenas para menosprezar os adversários? É que eu não o faço com essa intenção, mas para querer ajudar a equipa e acrescentar um pouco de mim ao espectáculo»…
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Marquinho, até pela sua experiência, aconselha Ricardinho: «Quando tinha a tua idade eu também jogava dessa forma. Mudei um pouco, é certo, mas acho que faz parte do espectáculo. Além disso, ninguém te pode julgar se não te conhecer. Se te sentes bem enquanto pessoa, esquece o que te dizem sobre isso, pois o que conta é aquilo que és como ser humano e conheço-te bem para saber que nunca fintarias para humilhar alguém, mas sim porque é o teu jeito. Aliás, quanto a isso, pergunto-te como aprendes todos esses pormenores técnicos»?
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Quando o mano mais novo é que sofre…
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Ricardinho admite, perante Marquinho, que muitos deles são saídos do… YouTube. «Pago uma astronómica conta de Internet por causa disso», afiança perante um sorridente brasileiro. «Adoro pesquisar as fintas do Falcão, ou do Ronaldinho e do Cristiano Ronaldo. Enfim, gosto de aprender com os grandes jogadores e não me envergonho disso. Depois, claro, tento aplicá-las no meu irmão mais novo», atira de pronto.
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A esse respeito, Marquinho conta que recentemente participou num jogo de futsal em que também marcou presença o francês Zidane. «Precisou apenas de dois minutos para se familiarizar com a bola e depois começou a dar espectáculo. Foi qualquer coisa de inacreditável. Que jogador de futsal ele teria sido», contou. Afinal, marcas de humildade de dois jogadores que já estão ligados à história do futsal. A conversa, essa, vai boa, mas a preparação para o decisivo Benfica-Interviú fala mais alto. No final, um sentido «até amanhã», pois o reencontro está marcado para as 17 horas de domingo. E aí, a conversa será outra…
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Texto: Ricardo Soares
Fotos : Isabel Cutileiro
Fonte: slbenfica.pt
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Luis Barradas

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